
Baseando-se na ideia de ocupar espaços abandonados, os squats,
como são conhecidas tais propriedades, são parte do movimento de
contracultura londrino e muito difundido pela capital inglesa. Partindo
do princípio de simplesmente não gastar com moradia,
grupos dividem estes espaços, formando verdadeiras comunidades
alternativas, ainda um tanto quanto marginalizadas pela sociedade. A
fotojornalista Corinna Kern se dedicou a retratá-los, imergindo em suas vidas e mostrando como realmente são os chamado squatters (as pessoas que lá vivem).
Durante muitos meses, Corinna viveu num squat em Kentish Town para alimentar a série A Place Called Home (“Um Lugar Chamado Casa”). Através
de suas imagens, ela explora a ideia de que um lar vai muito além de um
espaço físico para se viver. Na ocasião, teve de aprender a coexistir
num área onde viviam 30 pessoas e três cães, e com os contatos que fez, acabou explorando outros seis squats em Londres. Um dos prédios mais famosos da cidade, o central The Castle, abriga atualmente mais de 100 pessoas e acaba sediando festas raves, outro viés para os edifícios abandonados.
Embora pode ser visto como algo negativo, o squatting acabou se tornando um estilo de vida alternativo
em meio aos altos preços de moradia na capital. Durante a crise no
setor imobiliário, surgiu na década de 1960 como ato político, que
acabou gerando o movimento de famílias sem-teto para dentro de lugares
desocupados. Mas nem tudo é fácil, afinal, para ser um squatter é
preciso ter bastante capacidade de adaptação e estar apto a mudanças. Além disso, costuma ser atraente para pessoas aventureiras, em busca de liberdade e de novas amizades.
Os tecidos, achados em galpões, são utilizados para dividir os espaços e quartos, que nunca são realmente privados. Em Londres, a atividade não é ilegal
e ainda possui alguns direitos defendidos por lei, permitindo que
somente cidadãos europeus façam seu uso. Mas isso não impede que os
moradores possam ser expulsos a qualquer momento ou presos por invasão.


