
"Pra não Dizer que não Falei das Flores" - Geraldo Vandré
A mais icônica canção contra a ditadura ganhou o segundo lugar no 3º Festival Internacional da Canção de 1968 e desagradou ao regime, especialmente quando diz: "Há soldados armados, amados ou não / Quase todos perdidos de armas na mão / Nos quartéis lhes ensinam uma antiga lição / De morrer pela pátria e viver sem razão". Em dezembro de 1968, foi editado o AI5 e o regime endureceu ainda mais, com prisões, torturas e exílio. Vandré saiu do país e só retornou em 1973, lançando o disco "Das Terras do Benvirá", abandonando a carreira depois de então.

Regime Militar de 1964, o golpe militar de 64, Governos Militares, Governo Castello Branco, Governo Costa e Silva, Governo da Junta Militar, Governo Médici, AI-5, Governo Geisel, Governo Figueiredo, Redemocratização, Lei da Anistia, Campanha das Direta
O
contexto da Ditadura Militar iniciada no Brasil em 1964 trouxe à
juventude daqueles anos a vontade escancarada de manifestar o
descontentamento com o regime. A música foi um dos veículos mais
importantes durante a luta contra a censura e opressão. Organizamos uma
lista com cinco das mais emblemáticas canções que marcaram a resistência
ao Regime Militar. Confira a lista em ordem de lançamento das músicas:
Alegria, Alegria - Caetano Veloso (1967)
Roda Viva - Chico Buarque (1967)
Pra não dizer que não falei das flores - Geraldo Vandré (1968)
Apesar de você - Chico Buarque (1970)
Debaixo dos caracóis dos seus cabelos - Roberto Carlos e Erasmo Carlos (1971)
Cálice - Chico Buarque (1973)
Mosca na sopa - Raul Seixas (1973)
Jorge Maravilha - Chico Buarque (1974)
Como nossos pais - Belchior (1976)
Não chore mais - Gilberto Gil (1979)
IML-SP forjava laudos de mortes de presos pol
Segundo as comissões, o IML emitiu laudos falsos sobre mortes de militantes políticos e praticou diversas fraudes durante a ditadura para ocultar a verdadeira causa dessas mortes: geralmente ocorridas após sessões de tortura.
Um dos casos é do jornalista e militante político Luiz Eduardo da Rocha Merlino, morto em 1971, durante o regime. Merlino integrou o Partido Operário Comunista (POC). Foi preso em 15 de julho de 1971, em Santos, e levado para a sede do Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operação de Defesa Interna (DOI-Codi), onde foi torturado por cerca de 24 horas e morto quatro dias depois. Para a família, o coronel reformado do Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra, ex-comandante do DOI-Codi do Segundo Exército, foi quem ordenou as sessões de tortura que causaram a morte de Merlino.
O caso do jornalista Vladimir Herzog, morto em 1975, o laudo oficial, assinado por Harry Shibata, Arildo de Toledo Viana e Armando Canger Rodrigues, afirmava que Herzog havia cometido suicídio, apontando como causa morte "enforcamento por asfixia mecânica”. A versão oficial sempre foi contestada pelos parentes. Depois de anos de luta para rever a versão sobre a morte de Herzog, no ano passado a família do jornalista recebeu um novo atestado de óbito que trazia como causa da morte "lesões e maus-tratos sofridos durante o interrogatório nas dependências do Segundo Exército, DOI-Codi".
Podemos definir a Ditadura Militar como
sendo o período da política brasileira em que os militares governaram o
Brasil. Esta época vai de 1964 a 1985. Caracterizou-se pela falta de
democracia, supressão de direitos constitucionais, censura, perseguição
política e repressão aos que eram contra o regime militar.


O golpe militar de 1964
A crise política se arrastava desde a
renúncia de Jânio Quadros em 1961. O vice de Jânio era João Goulart, que
assumiu a presidência num clima político adverso. O governo de João
Goulart (1961-1964) foi marcado pela abertura às organizações sociais.
Estudantes, organização populares e trabalhadores ganharam espaço,
causando a preocupação das classes conservadoras como, por exemplo, os
empresários, banqueiros, Igreja Católica, militares e classe média.
Todos temiam uma guinada do Brasil para o lado socialista. Vale lembrar,
que neste período, o mundo vivia o auge da Guerra Fria.
Este estilo populista e de esquerda,
chegou a gerar até mesmo preocupação nos EUA, que junto com as classes
conservadoras brasileiras, temiam um golpe comunista.
Os partidos de oposição, como a União Democrática Nacional (UDN) e o
Partido Social Democrático (PSD), acusavam Jango de estar planejando um
golpe de esquerda e de ser o responsável pela carestia e pelo
desabastecimento que o Brasil enfrentava.


veneno que assassinou Jango ainda assombra a democracia
No dia 13 de março de 1964, João Goulart
realiza um grande comício na Central do Brasil (Rio de Janeiro), onde
defende as Reformas de Base. Neste plano, Jango prometia mudanças
radicais na estrutura agrária, econômica e educacional do país.
Seis dias depois, em 19 de março, os
conservadores organizam uma manifestação contra as intenções de João
Goulart. Foi a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, que reuniu
milhares de pessoas pelas ruas do centro da cidade de São Paulo.
O clima de crise política e as tensões
sociais aumentavam a cada dia. No dia 31 de março de 1964, tropas de
Minas Gerais e São Paulo saem às ruas. Para evitar uma guerra civil,
Jango deixa o país refugiando-se no Uruguai. Os militares tomam o poder.
Em 9 de abril, é decretado o Ato Institucional Número 1 (AI-1). Este,
cassa mandatos políticos de opositores ao regime militar e tira a
estabilidade de funcionários públicos.


GOVERNO CASTELLO BRANCO (1964-1967)
Castello Branco, general militar, foi
eleito pelo Congresso Nacional presidente da República em 15 de abril de
1964. Em seu pronunciamento, declarou defender a democracia, porém ao
começar seu governo, assume uma posição autoritária.
Estabeleceu eleições indiretas para
presidente, além de dissolver os partidos políticos. Vários
parlamentares federais e estaduais tiveram seus mandatos cassados,
cidadãos tiveram seus direitos políticos e constitucionais cancelados e
os sindicatos receberam intervenção do governo militar.
Em seu governo, foi instituído o
bipartidarismo. Só estavam autorizados o funcionamento de dois partidos:
Movimento Democrático Brasileiro (MDB) e a Aliança Renovadora Nacional
(ARENA). Enquanto o primeiro era de oposição, de certa forma controlada,
o segundo representava os militares.
O governo militar impõe, em janeiro de
1967, uma nova Constituição para o país. Aprovada neste mesmo ano, a
Constituição de 1967 confirma e institucionaliza o regime militar e suas
formas de atuação.


GOVERNO COSTA E SILVA (1967-1969)
Em 1967, assume a presidência o general
Arthur da Costa e Silva, após ser eleito indiretamente pelo Congresso
Nacional. Seu governo é marcado por protestos e manifestações sociais. A
oposição ao regime militar cresce no país. A UNE (União Nacional dos
Estudantes) organiza, no Rio de Janeiro, a Passeata dos Cem Mil.
Em Contagem (MG) e Osasco (SP), greves de operários paralisam fábricas em protesto ao regime militar.
A guerrilha urbana começa a se
organizar. Formada por jovens idealistas de esquerda, assaltam bancos e
seqüestram embaixadores para obterem fundos para o movimento de oposição
armada.
No dia 13 de dezembro de 1968, o governo
decreta o Ato Institucional Número 5 (AI-5). Este foi o mais duro do
governo militar, pois aposentou juízes, cassou mandatos, acabou com as
garantias do habeas-corpus e aumentou a repressão militar e policial.

GOVERNO DA JUNTA MILITAR (31/8/1969-30/10/1969)
Doente, Costa e Silva foi substituído
por uma junta militar formada pelos ministros Aurélio de Lira Tavares
(Exército), Augusto Rademaker (Marinha) e Márcio de Sousa e Melo
(Aeronáutica).
Dois grupos de esquerda, O MR-8 e a ALN
sequestram o embaixador dos EUA Charles Elbrick. Os guerrilheiros exigem
a libertação de 15 presos políticos, exigência conseguida com sucesso.
Porém, em 18 de setembro, o governo decreta a Lei de Segurança Nacional.
Esta lei decretava o exílio e a pena de morte em casos de "guerra
psicológica adversa, ou revolucionária, ou subversiva".
No final de 1969, o líder da ALN, Carlos Mariguella, foi morto pelas forças de repressão em São Paulo.
GOVERNO MÉDICI (1969-1974)
Em 1969, a Junta Militar escolhe o novo
presidente: o general Emílio Garrastazu Médici. Seu governo é
considerado o mais duro e repressivo do período, conhecido como " anos
de chumbo ". A repressão à luta armada cresce e uma severa política de
censura é colocada em execução. Jornais, revistas, livros, peças de
teatro, filmes, músicas e outras formas de expressão artística são
censuradas. Muitos professores, políticos, músicos, artistas e
escritores são investigados, presos, torturados ou exilados do país. O
DOI-Codi (Destacamento de Operações e Informações e ao Centro de
Operações de Defesa Interna ) atua como centro de investigação e
repressão do governo militar.
Ganha força no campo a guerrilha rural,
principalmente no Araguaia. A guerrilha do Araguaia é fortemente
reprimida pelas forças militares.
O Milagre Econômico
Na área econômica o país crescia
rapidamente. Este período que vai de 1969 a 1973 ficou conhecido com a
época do Milagre Econômico. O PIB brasileiro crescia a uma taxa de quase
12% ao ano, enquanto a inflação beirava os 18%. Com investimentos
internos e empréstimos do exterior, o país avançou e estruturou uma base
de infra-estrutura. Todos estes investimentos geraram milhões de
empregos pelo país. Algumas obras, consideradas faraônicas, foram
executadas, como a Rodovia Transamazônica e a Ponte Rio-Niteroi.
Porém, todo esse crescimento teve um
custo altíssimo e a conta deveria ser paga no futuro. Os empréstimos
estrangeiros geraram uma dívida externa elevada para os padrões
econômicos do Brasil.


GOVERNO GEISEL (1974-1979)
Em 1974 assume a presidência o general
Ernesto Geisel que começa um lento processo de transição rumo à
democracia. Seu governo coincide com o fim do milagre econômico e com a
insatisfação popular em altas taxas. A crise do petróleo e a recessão
mundial interferem na economia brasileira, no momento em que os créditos
e empréstimos internacionais diminuem.
Geisel anuncia a abertura política
lenta, gradual e segura. A oposição política começa a ganhar espaço. Nas
eleições de 1974, o MDB conquista 59% dos votos para o Senado, 48% da
Câmara dos Deputados e ganha a prefeitura da maioria das grandes
cidades.
Os militares de linha dura, não
contentes com os caminhos do governo Geisel, começam a promover ataques
clandestinos aos membros da esquerda. Em 1975, o jornalista Vladimir
Herzog á assassinado nas dependências do DOI-Codi em São Paulo. Em
janeiro de 1976, o operário Manuel Fiel Filho aparece morto em situação
semelhante.
Em 1978, Geisel acaba com o AI-5, restaura o habeas-corpus e abre caminho para a volta da democracia no Brasil.


GOVERNO FIGUEIREDO (1979-1985)
A vitória do MDB nas eleições em 1978
começa a acelerar o processo de redemocratização. O general João
Baptista Figueiredo decreta a Lei da Anistia, concedendo o direito de
retorno ao Brasil para os políticos, artistas e demais brasileiros
exilados e condenados por crimes políticos. Os militares de linha dura
continuam com a repressão clandestina. Cartas-bomba são colocadas em
órgãos da imprensa e da OAB (Ordem dos advogados do Brasil). No dia 30
de Abril de 1981, uma bomba explode durante um show no centro de
convenções do Rio Centro. O atentado fora provavelmente promovido por
militares de linha dura, embora até hoje nada tenha sido provado.
Em 1979, o governo aprova lei que
restabelece o pluripartidarismo no país. Os partidos voltam a funcionar
dentro da normalidade. A ARENA muda o nome e passa a ser PDS, enquanto o
MDB passa a ser PMDB. Outros partidos são criados, como: Partido dos
Trabalhadores (PT) e o Partido Democrático Trabalhista (PDT).
A Redemocratização e a Campanha pelas Diretas Já
Nos últimos anos do governo militar, o
Brasil apresenta vários problemas. A inflação é alta e a recessão
também. Enquanto isso a oposição ganha terreno com o surgimento de novos
partidos e com o fortalecimento dos sindicatos.
Em 1984, políticos de oposição,
artistas, jogadores de futebol e milhões de brasileiros participam do
movimento das Diretas Já. O movimento era favorável à aprovação da
Emenda Dante de Oliveira que garantiria eleições diretas para presidente
naquele ano. Para a decepção do povo, a emenda não foi aprovada pela
Câmara dos Deputados.


No dia 15 de janeiro de 1985, o Colégio
Eleitoral escolheria o deputado Tancredo Neves, que concorreu com Paulo
Maluf, como novo presidente da República. Ele fazia parte da Aliança
Democrática – o grupo de oposição formado pelo PMDB e pela Frente
Liberal.
Era o fim do regime militar. Porém
Tancredo Neves fica doente antes de assumir e acaba falecendo. Assume o
vice-presidente José Sarney. Em 1988 é aprovada uma nova constituição
para o Brasil. A Constituição de 1988 apagou os rastros da ditadura
militar e estabeleceu princípios democráticos no país.
O militar lembrado pelo parlamentar foi chefe comandante do Destacamento de Operações Internas (DOI-Codi) de São Paulo no período de 1970 a 1974. Em 2008, tornou-se o primeiro militar a ser reconhecido, pela Justiça, como torturador durante a ditadura.


Ustra foi acusado pelo Ministério Público Federal por envolvimento em crimes como o assassinato do militante comunista Carlos Nicolau Danielli, sequestrado e torturado nas dependências do órgão.
Em 2008, tornou-se o primeiro militar a ser reconhecido, pela Justiça, como torturador durante a ditadura. Em maio de 2013, ele compareceu à sessão da Comissão Nacional da Verdade. Apesar do habeas corpus que lhe permitia ficar em silêncio, Ustra respondeu a algumas perguntas. Na oportunidade, negou que tivesse cometido qualquer crime durante seu período no comando do DOI-Codi paulista. Disse também que recebeu ordens de seus superiores no Exército para fazer o que foi feito, e que suas ações à frente do órgão tinham como objetivo o combate ao terrorismo.
Em audiência pública da Comissão Nacional da Verdade em Brasília, o coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra afirmou que os militares que participaram da ditadura militar no Brasil "defendiam a democracia".
Em abril de 2015, a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, suspendeu uma das ações penais contra Ustra, que tramitava na Justiça Federal em São Paulo. Atendendo pedido feito pela defesa do militar, a ministra disse, na decisão, que suspendeu a ação, pois era necessário aguardar o julgamento da Lei de Anistia, pela própria Corte.
O militar morreu em 15 de outubro de 2015 no Hospital Santa Helena, em Brasília. Ele tratava de um câncer.
Atriz Bete Mendes, torturada pelo Coronel Ulstra
“Eu fui espancada por ele (Coronel Ustra) ainda no pátio do Doi-Codi. Ele medeu um safanão com as costas da mão, me jogando no chão, e gritando ‘sua terrorista’. E gritou de uma forma a chamar todos os demais agentes, também torturadores, a me agarrarem e me arrastarem para uma sala de tortura”.
Uma das milhares de vítimas da ditadura militar, Amelinha Teles, descreveu assim seu encontro com Carlos Alberto Brilhante Ustra, conhecido como “Coronel Ustra”, o primeiro militar reconhecido pela Justiça como torturador na ditadura.
Ao programa Viva Maria, da Rádio Nacional da Amazônia, Amelinha contou como era o homem admirado por Jair Bolsonaro (PSC-RJ) e citado pelo parlamentar durante seu voto a favor doimpeachment de Dilma Rousseff, ontem (17), no plenário da Câmara dos Deputados.
“Ele levou meus filhos para uma sala, onde eu me encontrava na cadeira do dragão (instrumento de tortura utilizado na ditadura militar parecido com uma cadeira em que a pessoa era colocada sentada e tinha os pulsos amarrados e sofria choques em diversas com fios elétricos atados em diversas partes do corpo), nua, vomitada, urinada, e ele leva meus filhos para dentro da sala? O que é isso? Para mim, foi a pior tortura que eu passei. Meus filhos tinham 5 e 4 anos. Foi a pior tortura que eu passei”, disse a ex-militante do PCdoB.

Amelinha durante o período de ditadura militar. Foto: Reprodução
Uma das pessoas presas e torturadas durante a ditadura militar foi a presidente Dilma Rousseff
“Sou um brasileiro de bem. O senhor é que é terrorista. Eu fui torturado pelo coronel Ustra”


http://www.ebc.com.br/noticias/2016/04/saiba-quem-e-o-coronel-ustra-homenageado-pelo-deputado-jair-bolsonaro-em-votacao-dohttp://www.suapesquisa.com/ditadura/
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